Um Novo Ano bem cheinho de Alegrias!
"No fundo de tudo há a aleluia." (Clarice Lispector)
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
domingo, 28 de dezembro de 2008
Prece de Angela Pralini
"Meu Deus,
me dê a coragem de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites, todos vazios de Tua presença.
Me dê a coragem de considerar esse vazio como uma plenitude.
Faça com que eu seja a Tua amante humilde, entrelaçada a Ti em êxtase.
Faça com que eu possa falar com este vazio tremendo
e receber como resposta o amor materno
que nutre e embala.
Faça com que eu tenha a coragem de Te amar,
me dê a coragem de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites, todos vazios de Tua presença.
Me dê a coragem de considerar esse vazio como uma plenitude.
Faça com que eu seja a Tua amante humilde, entrelaçada a Ti em êxtase.
Faça com que eu possa falar com este vazio tremendo
e receber como resposta o amor materno
que nutre e embala.
Faça com que eu tenha a coragem de Te amar,
sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo.
Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que a minha solidão me sirva de companhia,
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que a minha solidão me sirva de companhia,
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços o meu pecado de pensar. "
Clarice Lispector
Um Sopro de Vida
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços o meu pecado de pensar. "
Clarice Lispector
Um Sopro de Vida
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
Modos: Como comer alcachofras
Tenha modos: como comer alcachofras
Sandro:
féfa?
eu comprei alcachofras
me salve
MaFê:
rs!
Sandro:
acho que vou colocar num vaso com água rs
MaFê:
eu já ganhei um buquê assim
quase chorei!
Sandro:
sério?
MaFê:
sério
eu amo alcachofra
amo alcachofra e detesto flor ornamental cortada/morta
o esposo comprou alcachofras uma vez, passou na floricultura e mandou fazer um buquê
e chegou assim em casa...
rs
Sandro:
que legal!
MaFê:
muito!
Sandro:
bom...
MaFê:
lava bem, vê se não tem inquilino entre as pétalas/folhas
cozinha no vapor
depende do tamanho,
em média 20 minutos
Sandro:
inteira?
ou despedaça ela?
MaFê:
inteira.
eu corto o cabo e jogo fora
na hora de comer, muito cuidado
coma a parte tenra das pétalas maiores
eu 'raspo'com os dentes do maxilar inferior,
que nem a gente faz com colher de brigadeiro
chega uma hora que as pétalas ficam pequenas, sem 'carninha'
é hora de ir ao coração da alcachofra
que fica na base da flor
pega uma faca boa e corta na linha que as pétalas que foram retiradas deixaram
cuidado que no meio tem uns pelinhos duros
não coma aquilo, jogue fora
se 'grudar' no coração da alcachofra, lava bem antes de comer para tirar todos os pelinhos duros
eu como sozinha, sem molho nem nada,
é delicada, primorosa
Sandro:
só cozido no vapor, né?
MaFê:
pode cozinhar na água, mas perde vitaminas
se for ao forno, tem de cozinhar antes
só vai no forno para gratinar (é uma no cravo e uma na ferradura: alcachofra pra fazer bem pro fígado, e queijo pra zoar o fígado)
Sandro:
coloca ela de ponta-cabeça no vapor? ou com o fundo pra baixo?
MaFê:
tanto faz
eu ponho do jeito que cabe,
tem umas alcachofras mutantes dos incas venusianos...
Sandro:
o velhinho da feira que me ensinou, pegou um monte de cabo pra fazer “palmito” em casa
MaFê:
cabo de alcachofra?
Sandro:
é. o feirante descascou um e comeu. o miolo do cabo é molinho. até que é gostoso
mas o certo é descascar a parte fibrosa por fora do cabo e cozinhar um pouco antes de servir.
MaFê:
vou experimentar comer o miolo...
Sandro:
vou lá fazer
MaFê:
vai lá
deguste
é divino!
me salve
Sandro:
féfa?
eu comprei alcachofras
me salve
MaFê:
rs!
Sandro:
acho que vou colocar num vaso com água rs
MaFê:
eu já ganhei um buquê assim
quase chorei!
Sandro:
sério?
MaFê:
sério
eu amo alcachofra
amo alcachofra e detesto flor ornamental cortada/morta
o esposo comprou alcachofras uma vez, passou na floricultura e mandou fazer um buquê
e chegou assim em casa...
rs
Sandro:
que legal!
MaFê:
muito!
Sandro:
bom...
MaFê:
lava bem, vê se não tem inquilino entre as pétalas/folhas
cozinha no vapor
depende do tamanho,
em média 20 minutos
Sandro:
inteira?
ou despedaça ela?
MaFê:
inteira.
eu corto o cabo e jogo fora
na hora de comer, muito cuidado
coma a parte tenra das pétalas maiores
eu 'raspo'com os dentes do maxilar inferior,
que nem a gente faz com colher de brigadeiro
chega uma hora que as pétalas ficam pequenas, sem 'carninha'
é hora de ir ao coração da alcachofra
que fica na base da flor
pega uma faca boa e corta na linha que as pétalas que foram retiradas deixaram
cuidado que no meio tem uns pelinhos duros
não coma aquilo, jogue fora
se 'grudar' no coração da alcachofra, lava bem antes de comer para tirar todos os pelinhos duros
eu como sozinha, sem molho nem nada,
é delicada, primorosa
Sandro:
só cozido no vapor, né?
MaFê:
pode cozinhar na água, mas perde vitaminas
se for ao forno, tem de cozinhar antes
só vai no forno para gratinar (é uma no cravo e uma na ferradura: alcachofra pra fazer bem pro fígado, e queijo pra zoar o fígado)
Sandro:
coloca ela de ponta-cabeça no vapor? ou com o fundo pra baixo?
MaFê:
tanto faz
eu ponho do jeito que cabe,
tem umas alcachofras mutantes dos incas venusianos...
Sandro:
o velhinho da feira que me ensinou, pegou um monte de cabo pra fazer “palmito” em casa
MaFê:
cabo de alcachofra?
Sandro:
é. o feirante descascou um e comeu. o miolo do cabo é molinho. até que é gostoso
mas o certo é descascar a parte fibrosa por fora do cabo e cozinhar um pouco antes de servir.
MaFê:
vou experimentar comer o miolo...
Sandro:
vou lá fazer
MaFê:
vai lá
deguste
é divino!
me salve
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
LER CLARICE
Clarice Lispector, esta inigualável escritora brasileira, não conta estória alguma nem faz estória nenhuma. Aqui já se encontra uma de suas características.
Suas personagens, mercê de suas condições, não passam de pretexto em que se ampara a ficção clariciana.
Pois é, e a grande arte de Clarice é,
antes de mais nada , preterir a ficção mimética para poder libertar-se do peso da criação;
expressar uma realidade intrínseca ; um refletir sem sair das paredes do sigo mesma;
mergulhar nos labirintos de si própria e lá pôr a ir e vir ;
voltear-se
e cruzar e recruzar frases, palavras, pensamentos,
como as nordestinas sempre o fizeram nas rendas de bilro jogados de lá para cá , de cá para lá, presos nos fios que formam rendados.
As nordestinas jogam os bilros cantantes
e seguram alguns na mão esquerda ,
outros na mão direita.
Cada bilro tem sua hora e sua vez a ser Jogado.
E aqueles que se chocam com os outros
dão a musicalidade dos caroços de macaúba.
Daí, não adianta o raciocínio para entender Clarice .
É como rito Rosa Cruz em que o raciocínio não ajuda em nada;
é enigma em que não se deve nem piscar.
Desta feita , ler Clarice é questão de senti-la ou não senti-la .
É quando se depara escritor-leitor com o drama da linguagem que, sem dúvida, afronta o inconsciente, Clarice vai além e aquém dos bilros interiores.
Às vezes, com ironia;
às vezes com inigualável prosa poética e,
às vezes, diante de um fato acidental,
acontecimento que nos pareceria corriqueiro.
Mas eis abrirem-se as cortinas da epifania e,
para isto, basta-lhe
um cego a mastigar
goma de mascar com a boca semi-aberta
ou mesmo uma mulher que ,
ao subir no bonde bate uma sacola com ovos e
lá vai a gosma transparente e amarela
a descer , a escorrer, vestido abaixo.
Pronto ! Estão abertas as cortinas da epifania
com que Clarice busca a salvação para o drama da linguagem
já que abertas as cortinas da epifania,
desabrocham inesperados insights.
Por esta razão e por outras ,
ler Clarice é deixar-se levar com toda a simplicidade aos instantes adequados ;
aos solilóquios , ao vadiar , sem o que não se faz arte;
ou, como that one who has just pretended reading
ou comment celui que ne veut pas comprendre rien et que vivre est seulement pour laissez-faire
que muitos chamam de inconseqüente inconsciente
e outros, mergulho interior a buscar mais e mais da melodia clariciana do sentir ou não sentir Clarice.
Enfim, ler uma obra de Clarice é procurar manter-se em interação com aquela que diz sem falar:
é ser leitor e cúmplice do eu falante ;
é buscar a frase ainda não expressa;
é estar em constante estado de alerta ;
é rastrear o triângulo de que nos fala Antonio Cândido:
a obra> o escritor e o escritor-leitor. Amém.
João Batista Vota
Campinas 23 de dezembro de 2008
joao.batista2621@terra.com.br
Suas personagens, mercê de suas condições, não passam de pretexto em que se ampara a ficção clariciana.
Pois é, e a grande arte de Clarice é,
antes de mais nada , preterir a ficção mimética para poder libertar-se do peso da criação;
expressar uma realidade intrínseca ; um refletir sem sair das paredes do sigo mesma;
mergulhar nos labirintos de si própria e lá pôr a ir e vir ;
voltear-se
e cruzar e recruzar frases, palavras, pensamentos,
como as nordestinas sempre o fizeram nas rendas de bilro jogados de lá para cá , de cá para lá, presos nos fios que formam rendados.
As nordestinas jogam os bilros cantantes
e seguram alguns na mão esquerda ,
outros na mão direita.
Cada bilro tem sua hora e sua vez a ser Jogado.
E aqueles que se chocam com os outros
dão a musicalidade dos caroços de macaúba.
Daí, não adianta o raciocínio para entender Clarice .
É como rito Rosa Cruz em que o raciocínio não ajuda em nada;
é enigma em que não se deve nem piscar.
Desta feita , ler Clarice é questão de senti-la ou não senti-la .
É quando se depara escritor-leitor com o drama da linguagem que, sem dúvida, afronta o inconsciente, Clarice vai além e aquém dos bilros interiores.
Às vezes, com ironia;
às vezes com inigualável prosa poética e,
às vezes, diante de um fato acidental,
acontecimento que nos pareceria corriqueiro.
Mas eis abrirem-se as cortinas da epifania e,
para isto, basta-lhe
um cego a mastigar
goma de mascar com a boca semi-aberta
ou mesmo uma mulher que ,
ao subir no bonde bate uma sacola com ovos e
lá vai a gosma transparente e amarela
a descer , a escorrer, vestido abaixo.
Pronto ! Estão abertas as cortinas da epifania
com que Clarice busca a salvação para o drama da linguagem
já que abertas as cortinas da epifania,
desabrocham inesperados insights.
Por esta razão e por outras ,
ler Clarice é deixar-se levar com toda a simplicidade aos instantes adequados ;
aos solilóquios , ao vadiar , sem o que não se faz arte;
ou, como that one who has just pretended reading
ou comment celui que ne veut pas comprendre rien et que vivre est seulement pour laissez-faire
que muitos chamam de inconseqüente inconsciente
e outros, mergulho interior a buscar mais e mais da melodia clariciana do sentir ou não sentir Clarice.
Enfim, ler uma obra de Clarice é procurar manter-se em interação com aquela que diz sem falar:
é ser leitor e cúmplice do eu falante ;
é buscar a frase ainda não expressa;
é estar em constante estado de alerta ;
é rastrear o triângulo de que nos fala Antonio Cândido:
a obra> o escritor e o escritor-leitor. Amém.
João Batista Vota
Campinas 23 de dezembro de 2008
joao.batista2621@terra.com.br
domingo, 14 de dezembro de 2008
Nesse dia, pois,
“Nesse dia, pois, conheceu uma das raras formas de estabilidade:
-A estabilidade do desejo irrealizável.
-A estabilidade do ideal inatingível.
Pela primeira vez, ela, que era um ser votado à moderação,
pela primeira vez sentiu-se atraída pelo imoderado:
atração pelo extremo impossível.
Numa palavra, pelo impossível.
E pela primeira vez teve então amor pela paixão.”
( Clarice Lispector, Miopia Regressiva,
em Felicidade Clandestina:contos.)
-A estabilidade do desejo irrealizável.
-A estabilidade do ideal inatingível.
Pela primeira vez, ela, que era um ser votado à moderação,
pela primeira vez sentiu-se atraída pelo imoderado:
atração pelo extremo impossível.
Numa palavra, pelo impossível.
E pela primeira vez teve então amor pela paixão.”
( Clarice Lispector, Miopia Regressiva,
em Felicidade Clandestina:contos.)
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Clarice deu-se à Luz
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
sábado, 6 de dezembro de 2008
O Poeta
O poeta faz peraltices com as palavras,
espera a pedra florir,
gosta mais do vazio do que do cheio,
vê até mesmo a cor do vento.
É um poeta capaz
de atravessar um rio inventado,
de fotografar o som,
muito capaz também
de derreter o sol,
colocando no final da tarde
um ponto inicial.
Um poeta que,
para chegar às margens do poema:
Desinventa objetos.
O pente, por exemplo.
Dar ao pente
função de não pentear.
Até que ele fique
à disposição de ser
uma begônia.
Ou uma gravanha" .
Manuel de Barros 1993
Gravanha = folha de pinheiro seco
uma begônia.
Ou uma gravanha" .
Manuel de Barros 1993
Gravanha = folha de pinheiro seco
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