"No fundo de tudo há a aleluia." (Clarice Lispector)
sábado, 24 de janeiro de 2009
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
Quando eu era criança
Quando eu era criança
"Eu nunca aceitei a companhia de ninguém para o meu percurso de ida para o grupo escolar. Eu fazia o percurso mais distante. Percorria os caminhos sem calçamento, Passava por pinguelas construídas só com duas tábuas; A grama e o mato molhados pelo orvalho noturno. Percorria as veredas mais difíceis e perigosas. Somente eu comigo mesmo naquelas bandas. Quando eu me via frente ao grupo, tudo cessava. Contudo, na sala de aula eu entrava outra vez no imaginar. Havia uma professora que falava gritava e cuspia e eu ficava a tirar-me da reta. Uma outra bocejava sem parar. Havia um moleque que chupava os dentes e exalava um mau cheiro de dente podre. Quando ele dava aquela chupada no dente eu quase caía da carteira. As professoras chamavam minha mãe e diziam que eu vivia no mundo da lua. Ele não presta atenção e eu não sabia o que isto significava. Só sabia que estava no meu mundo. Na volta do grupo eu aceitava a companhia de outros mas na ida, nem pensar. Qualquer fala tirava-me do "Meu pecado de pensar" Outro momento delicioso era quando eu voltava a pé da Fazenda São Domingos; escolhia a estrada boiadeira toda cheia de voçorocas e era uma delícia. No caminho, cruzava com um cara que era tido e havido por doido. Era um andarilho. Diziam-no doido porque ele falava sozinho mas eu falava muito mais do que ele. Outra coisa de que eu sempre gostei era observar mulheres chamadas de prostitutas. Sempre as admirei. Para mim, elas eram mais importantes do que as outras que não tinham habilidades sexocognitivas. Elas eram-me mais importantes do que a princesa Isabel.
É minha amiga, "ter tido uma infância é uma glória."
As duas aspas chamam-se Clarice Lispector.
Amém!"
João Batista Vota
"Eu nunca aceitei a companhia de ninguém para o meu percurso de ida para o grupo escolar. Eu fazia o percurso mais distante. Percorria os caminhos sem calçamento, Passava por pinguelas construídas só com duas tábuas; A grama e o mato molhados pelo orvalho noturno. Percorria as veredas mais difíceis e perigosas. Somente eu comigo mesmo naquelas bandas. Quando eu me via frente ao grupo, tudo cessava. Contudo, na sala de aula eu entrava outra vez no imaginar. Havia uma professora que falava gritava e cuspia e eu ficava a tirar-me da reta. Uma outra bocejava sem parar. Havia um moleque que chupava os dentes e exalava um mau cheiro de dente podre. Quando ele dava aquela chupada no dente eu quase caía da carteira. As professoras chamavam minha mãe e diziam que eu vivia no mundo da lua. Ele não presta atenção e eu não sabia o que isto significava. Só sabia que estava no meu mundo. Na volta do grupo eu aceitava a companhia de outros mas na ida, nem pensar. Qualquer fala tirava-me do "Meu pecado de pensar" Outro momento delicioso era quando eu voltava a pé da Fazenda São Domingos; escolhia a estrada boiadeira toda cheia de voçorocas e era uma delícia. No caminho, cruzava com um cara que era tido e havido por doido. Era um andarilho. Diziam-no doido porque ele falava sozinho mas eu falava muito mais do que ele. Outra coisa de que eu sempre gostei era observar mulheres chamadas de prostitutas. Sempre as admirei. Para mim, elas eram mais importantes do que as outras que não tinham habilidades sexocognitivas. Elas eram-me mais importantes do que a princesa Isabel.
É minha amiga, "ter tido uma infância é uma glória."
As duas aspas chamam-se Clarice Lispector.
Amém!"
João Batista Vota
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
A QUE O SILÊNCIO SUBSISTE
...a que o silêncio subsiste.
Quando o silêncio subsiste?
Quando conserva sua força ou ação
Perdura
Resta
Remanesce
Mantém-se vivo
Provê necessidades
Vive
Mora
Resiste
Sobrevive
A algo pernicioso ou letal
Há toda uma noção de tempo
Implícita no quando
Tempo que tem a ver com desejo.
Como se desejo e tempo
Fossem fundamentos
Do desejo. ?)...
Quando o silêncio subsiste?
Quando conserva sua força ou ação
Perdura
Resta
Remanesce
Mantém-se vivo
Provê necessidades
Vive
Mora
Resiste
Sobrevive
A algo pernicioso ou letal
Há toda uma noção de tempo
Implícita no quando
Tempo que tem a ver com desejo.
Como se desejo e tempo
Fossem fundamentos
Do desejo. ?)...
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Dia de Reis
uma epiphania:
qualidade e estilo de vida
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interna e estranha
Carmen Cynira
domingo, 4 de janeiro de 2009
ALG (i) AS
quinta-feira, 1 de janeiro de 2009
E assim é.
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