Poesia: O Poeta e a Rosa
O Poeta e a Rosa(e com direito a passarinho)Vinícius de MoraisAo ver uma rosa brancaO poeta disse: Que linda!Cantarei sua belezaComo ninguém nunca ainda!Qual não é sua surpresaAo ver, à sua oraçãoA rosa branca ir ficandoRubra de indignação.É que a rosa, além de branca(Diga-se isso a bem da rosa...)Era da espécie mais francaE da seiva mais raivosa.- Que foi? - balbucia o poetaE a rosa: - Calhorda que és!Pára de olhar para cima!Mira o que tens a teus pés!E o poeta vê uma criançaSuja, esquálida, andrajosaComendo um torrão da terraQue dera existência à rosa.- São milhões! - a rosa berra- Milhões a morrer de fome!E tu, na tua vaidadeQuerendo usar do meu nome!...E num acesso de iraArranca as pétalas, lança-as fora, como a dar comidaA todas essas crianças.O poeta baixa a cabeça.- É aqui que a rosa respira...Geme o vento.Morre a rosa.E um passarinho que ouviraQuietinho toda a disputaTira do galho uma retaE ainda faz um cocozinhoNa cabeça do poeta.Circulante na internet
"No fundo de tudo há a aleluia." (Clarice Lispector)
sexta-feira, 13 de março de 2009
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Hola Carmen.Eu estaba com o ordenador estragado,cheio de virus.Hoje me trozeron ,mais ainda näo fica bem.A manha de manha eu volto pra loja.
ResponderExcluirGosto dos seus escrivos,você ja sabe. cada vez mais profundos.
Espero continuar cedo con nossos comentarios.
Bejos amiga.