Todos no bote ao sol da tarde,
cheios de alegria flutuando
mãozinhas desajeitadas
os remos e os lemes comandando,
a tatear nas águas ondeadas,
desliza o divertido bando.
Oh! Minha nossa, que dor!
em meio a essa linda cena,
me pedirem: ”Conte uma história”!”“
é mesmo de não ter pena.
Mas, quem pode resistir
a três traquinas pequenas?
A Rainha Primeira ordena:
“Comece já!”, ela disse.
Mais calma, a Segunda rainha
pede:” Historia com maluquice!”
A Terceira, sendo menor,
tagarela, imita Alice.
Logo porém se fez silêncio.
Começa o conto e a fantasia,
lá no País das Maravilhas,
sobre a menina que fazia
a viagem com estranhas criaturas,
bichos, sonhos e anarquia.
Uma história quase fim.
Sempre que o contador, cansado,
dizia: “O resto virá depois”,
ouvia o resmungo irritado:
“Ora, se o resto é que é o melhor...”
“Pois continue, muito obrigado!”
A história então nasceu,
lá no País das Maravilhas,
os episódios iam surgindo,
como fossem ilhas mais ilhas,
até o passeio se acabar,
pôr do sol, brisa fria, mantilhas.
Alice! Eis aqui a tua história,
contada assim em verso e prosa,
a imaginação fiel da infância,
colhida, um broto de rosa,
aroma mestiço da memória,
numa terra misteriosa.
“Alice nos Pais das Maravilhas”,
Tradução: Nicolau Sevcenko
Cosac Naif, 2009
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