"No fundo de tudo há a aleluia." (Clarice Lispector)

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Imperdível!


Já está nas livrarias a edição brasileira de
FERNANDO PESSOA, O MENINO DA SUA MÃE,
autoria de Amélia Pinto Pais,
ilustrado por Mariana Newlands,
Cia das Letras.
Trabalho primoroso merecedor da atenção
de quem se interessa por Fernando Pessoa .
A edição portuguesa, 2007, foi ilustrada por
Pedro Leal e Telma Fernandes,
Editora Ambar.
Parabéns!

Texto quer dizer Tecido; mas enquanto até aqui esse tecido foi sempre tomado por um produto, por um véu acabado, por detrás do qual se conserva mais ou menos escondido,o sentido ( a verdade), nós acentuamos agora no tecido, a idéia generativa de que o texto se faz, se trabalha através de um entrelaçamento perpétuo; perdido neste tecido __ nessa textura __ o sujeito desfaz-se, como uma aranha que se dissolvesse a si própria nas secreções construtivas da sua teia. Se gostássemos de neologismos, poderíamos definir a teoria do texto como uma hifologia (hyphos é o tecido e a teia de aranha).
Roland Barthes, O Prazer do Texto



http://www.espace-sciences.org/science/images/images-maj/Perso/spiderweb/index_spider.html

quarta-feira, 3 de junho de 2009

...

__ .......... ... A vida, senhor Visconde, é um pisca-pisca.
A gente nasce, isto é, começa a piscar.
Quem pára de piscar, chegou ao fim, morreu.
Piscar é abrir e fechar os olhos __ viver é isso.
É um dorme-acorda, dorme-acorda, até que dorme e não acorda mais.
É, portanto um pisca-pisca.
........................................................................
A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso.
Um rosário de piscadas.
Cada pisco é um dia.
Pisca e mama;
pisca e brinca;
pisca e estuda;
pisca e ama;
pisca e cria filhos;
pisca e geme os reumatismos;
por fim pisca pela última vez e morre.
__E depois que morre? __ perguntou o Visconde.
__Depois que morre vira hipótese. É ou não é?
O Visconde teve de concordar que era. “
Monteiro Lobato, As Memórias da Emília.