"No fundo de tudo há a aleluia." (Clarice Lispector)

sábado, 9 de janeiro de 2016

A LUA DE OLHOS AZUIS




             A   LUA  DE OLHOS  AZUIS

De noite as cabeleiras das mulheres
 e os galhos dos salgueiros se confundem.
Eu ia beirando a água.
De repente, ouvi cantar: e só então percebi
Que havia rapariguinhas por ali.
Eu lhes disse: “Que é que cantais?”
Elas responderam: “Aqueles que vão voltar”.
Uma esperava o pai, e outra o irmão;
 Porém a mais impaciente era a que esperava o noivo.
Haviam tecido para eles, coroas e grinaldas,
Cortado palmas das palmeiras
E arrancado lótus das águas.
Prendiam-se umas às outras
Abraçando os pescoços,
E cantavam, uma após outra.
Fui indo, ao longo do rio
Triste e sozinha;
Mas olhando em torno, vi que,
Por detrás das grandes árvores.
 A lua de olhos azuis me reconduzia.

o amor de Bilitis/ Pierre Louÿs/ tradução de Guilherme de Almeida