"No fundo de tudo há a aleluia." (Clarice Lispector)

domingo, 27 de fevereiro de 2011

A Palavra Mágica

A PALAVRA MÁGICA

“Certa palavra dorme na sombra

de um livro raro.

Como desencantá-la?

É a senha da vida

e a senha do mundo.

Vou procurá-la.

Vou procurá-la a vida inteira

no mundo todo.

Se tarda o encontro, se não a encontro, não desanimo,

procuro sempre.

Procuro sempre e minha procura

ficará sendo

minha palavra.”


Carlos Drummond de Andrade



quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

DA TERNURA

DA TERNURA

No fundo da ternura há um som de lágrimas –

água clara onde o sol do entardecer

odoroso se deteve;

vem das lembranças, cristais de sal,

chispas na pele esfolada pelos jogos

infantis e as perdas

de que a vida nos preencheu os dias.

Companheira amável do desencanto,

outra forma afinal de dizer mágoa.


Soledade Santos/ SOB OS TEUS PÉS A TERRA



terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

colagem/papel artesanal/encáustica/ carmen cynira /2010

domingo, 20 de fevereiro de 2011

A LUA FOI AO CINEMA


A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.

Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!

Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava para ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.

A lua ficou tão triste
com aquela história de amor,
que até hoje a lua insiste:
- Amanheça, por favor!

Paulo Leminski

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

19/02/2011 - 14 = 19/02/1997


Como é amado esse menino!

Até nome do Anjo tem!

Contei-lhe estórias

massageando-lhe os pés pequeninos

fofinhos como brioches.

Passeamos pelo bosque a descobrir

cores

flores

cascas de árvores

sementes

flocos de paina

formigas, borboletas

Era mágico cavar buracos na areia

enchê-los de água

e vê-la escorrer-s’imbora.

A música do vento

o crec crec de folhas

lisas e ásperas

sob passos incertos.

Intermitência do azul nos ramos altos

fogo - apagou bem-te-vi.

Litoral:

onde ondas e idéias( se) espraiam.

Envolta em comovida saudade

abraço meu neto ternamente.

carmen cynira

19 de fevereiro de 2011

“( um passado feliz em cuja lembrança torne a ser feliz)”.

Livro do Desassossego/ Fernando Pessoa.


domingo, 6 de fevereiro de 2011

;

;REINVENTAR O INSTANTE MEMORÁVEL DO SENTIR NA PELE


Ser ponto e vírgula e não ponto final.

Alertar os ouvidos para sons, tons,

subtons sonoros e tonalizados

nos campos da alma peregrina.

Ao afastar-se da realidade

clandestina

reinventar

clandestinamente

o instante na pele da memória

e na memória da pele

vivê-lo,

revivê-lo,

sobrevivê-lo.