"No fundo de tudo há a aleluia." (Clarice Lispector)

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009






Ficções do Interlúdio 448
Álvaro de Campos 1/3/1917

Não sei. Falta-me um sentido, um tacto
Para a vida, para o amor, para a glória...
Para que serve qualquer história
Ou qualquer fato?

Estou só, só como ninguém ainda esteve,
Oco dentro de mim, sem depois nem antes,
Parece que passam sem ver-me os instantes,
Mas passam sem que o seu passo seja leve.

Começo a ler, mas cansa-me o que ainda não li.
Quero pensar, mas dói-me o que irei concluir.
O sonho pesa-me antes de o ter. Sentir
É tudo uma coisa como qualquer coisa que já vi.

Não ser nada, ser uma figura de romance,
Sem vida, sem morte material, uma idéia,
Qualquer coisa que nada tornasse útil ou feia,
Uma sombra num chão irreal, um sonho num transe.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Entardecer de hoje

Chuva ao anoitecer.
Crepúsculo em tons cinza
Tarde Triste. Canta Maysa.
Como Pessoa em
Saudade dada
Saudade da
saudade dada.
Viver
onde o plural se in (sti)tui
entre seres singulares.

segunda-feira, carnaval
2009 - 19:51 - verão.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

”Há tempo de respirar,
do mergulhar,
do mapear,
do transpirar,
o tempo de preparar, atacar,
acordar, deslumbrar,
o tempo de desejar.

Houve um “escorrega- mais- não cai”
talvez, com isso
transformou-se
o deslizar do tempo.
destino?!.
sentido.?!
Deseja-se construir?
Erra-se ao destruir?
É no desejo que se encontra o erro,
manifestação de sua verdade

Não é bem assim.
Destruição/construção,
assim fluem
e fluirão.

Apenas forma de se colocar no mundo.
Quem é que assim se coloca?
Assim?
Não se dá a ver.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Você que me lê






Prefere ler a ouvir?
Quem lê, se bem lê,
Ouve com loucos ouvidos
(Loucos porque poucos e moucos)
Um caso de canção triste.
Terna e terna
Tenra e tensa
Intensa, mente.

carmen cynira




10 de fevereiro de 2009 22:58

sábado, 7 de fevereiro de 2009


neste mapa da ternura/rabiscado bem lá dentro/há um dizer atraente/
assim meio imantado/que puxa a fantasia/e a vira pelo avesso.
é algo assim bem galante/ mas não ainda falante.

outra vez...

Ei-lo!
Esférico,
rosalaranjado
no lusco-fusco
do céu
caminha descendo
à linha do horizonte.
Em metamorfose
de luz e cor,
no desejo eterno
de encontrar a lua,
desaparece outra vez...

Ei-lo


quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

domingo, 1 de fevereiro de 2009








“A loucura, longe de ser uma anomalia,
é a condição normal humana.

Não ter consciência dela, e ela não ser grande,
é ser homem normal.
Não ter consciência dela é ela ser grande,
é ser louco.
Ter consciência dela e ela ser pequena,
é ser desiludido.
Ter consciência dela e ela ser grande,
é ser gênio.”


Aforismos e Afins, Fernando Pessoa
Companhia das Letras.