"No fundo de tudo há a aleluia." (Clarice Lispector)

sábado, 9 de junho de 2007

Nossa Conversa



Nossa Conversa

“Da primeira vez que fui à casa de Rodin, compreendi que sua casa não era nada para ele, senão uma pobre necessidade: um abrigo contra o frio, um teto sob o qual dormir. Ela o deixava indiferente e não pesava nem um pouco sobre sua solidão ou seu recolhimento. Era em si mesmo que ele encontrava o seu lar: sombra, refúgio e paz.Ele se tornava seu próprio céu, sua floresta e seu largo rio que não podia mais interromper.”
Isso é um poeta, chamado Rilke, falando de um escultor chamado Rodin.
Talvez essas frases renovem para você o pensamento já meio gasto, mas pouco usado, de que a possível felicidade está mesmo é dentro das pessoas.
(É verdade que citar Rodin e Rilke para confirmar uma verdade quase óbvia é como quem só quisesse confessar os pecados ao papa.)
Talvez, pensando na grande criatura que foi o escultor, você diga que não se pode esperar que o pardal
(você) aprenda a voar como águia (ele).
Mas que é que um pardal tem a ensinar a outro pardal?
Naturalmente se você é um pardal felizinho voe mesmo à sua moda.
Mas se é pardal inquieto, que fica ciscando à toa, medite sobre as lições de uma águia.

Clarice Lispector/Correio Feminino
Organização de Maria Aparecida Nunes.
Rio de Janeiro:Rocco, 2006

2 comentários:

  1. Meditar sobre pardais ou sobre águias é muito pouco. A alma inquieta é hollística e nela cabe o pensar o refletir da dança cósmica deste espaço em que estamos e que deram o nome de universo. Nada ensina mais do que meditar holisticamente. O ir ao grupo escolar aprender tolices sempre me foi a maior alegria da meditação, manhã releva molhada pelo orvalho e eu sentindo tudo sem ter a capacidade de dar nomes ao tudo em que meditava. "Ele vive na lua é burro, dizia a professora.

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  2. A águia é a consciência da sabedoria. A águia é a encarnação de de Rodin. Sabia que era grande e criativo.

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