"No fundo de tudo há a aleluia." (Clarice Lispector)

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009






Ficções do Interlúdio 448
Álvaro de Campos 1/3/1917

Não sei. Falta-me um sentido, um tacto
Para a vida, para o amor, para a glória...
Para que serve qualquer história
Ou qualquer fato?

Estou só, só como ninguém ainda esteve,
Oco dentro de mim, sem depois nem antes,
Parece que passam sem ver-me os instantes,
Mas passam sem que o seu passo seja leve.

Começo a ler, mas cansa-me o que ainda não li.
Quero pensar, mas dói-me o que irei concluir.
O sonho pesa-me antes de o ter. Sentir
É tudo uma coisa como qualquer coisa que já vi.

Não ser nada, ser uma figura de romance,
Sem vida, sem morte material, uma idéia,
Qualquer coisa que nada tornasse útil ou feia,
Uma sombra num chão irreal, um sonho num transe.

Um comentário:

  1. Hermosa a poesía de Pessoa.

    Para que sirve cuaquier história o cualquier acto?
    -Acho que só pra constatar que estamos vivos-

    Estoy solo,como antes nadie estuvo,
    hueco dentro de mi, sin despues ni antes.
    -Eu sinto mesmo,mais fico cheia dos outros-

    Una sombra en el suelo irreal, un sueño en trance
    Nu chäo da terra as sombras näo existen,
    e só um brinquedo da luz.

    Gosto de mais desse poeta portugués, eu tenho muito en común con ele, porem eu só mais agresiva.

    Obrigada Carmen por ese presente

    Bjs

    ResponderExcluir