"No fundo de tudo há a aleluia." (Clarice Lispector)

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Alberto Teixeira


São João do Estoril, Portugal, 1925.

O trabalho de Teixeira se caracteriza por uma busca interior. Assim, o artista escolheu o desenho e a pintura, pois estas linguagens lhe serviam como registro psicológico. Ao refletir sobre a arte, disse o artista: “a arte (...) é multiforme e em incessante evolução, em sempre renovados esforços para apreender a sua fugidia e complexa verdade, uma verdade que está e não está nas aparências e que diz respeito a algo que é ao mesmo tempo visível e invisível, material e espiritual” .

Naturalizado brasileiro, nasceu em Portugal, em São João do Estoril, em 1925. Estudou na Sociedade Nacional de Belas Artes de Lisboa, de 1947 a 1950. Nesta época, sua obra era figurativa, fauvista e expressionista. Mudou-se para São Paulo em 1950, após uma viagem pela Espanha e França, vivendo nesta cidade até 1973, quando se transferiu para Campinas (SP). Foi aluno do Atelier Abstração entre 1952 e 1955, participando de duas mostras coletivas do grupo, em 1953 e 1955. Na época, influenciado por Flexor, se tornou abstracionista geométrico. Entre 1956 e 1958, viveu na Europa, onde teve contato com o abstracionismo lírico que, segundo Teixeira, correspondia mais à sua índole de artista, e que iria marcar todo o seu trabalho posterior.

Mário Schenberg escreveu sobre esta fase de Teixeira: “pintava grandes telas com um fundo monocromático de matéria modulada, sobre o qual sobressaíam manchas de outras cores e matérias. Essas telas criavam a sensação de envolvimento cósmico, carregado de interrogação e mistério” . Mais tarde, os efeitos de matéria foram substituídos por faixas de cor vibrante, que ao longo dos anos foram diminuindo, até se tornarem linhas. O artista também trabalhou nesta época com aquarelas sobre papel.

No início dos anos setenta se dedicou ao ensino, em diversas instituições, e aos estudos teóricos. Voltou a produzir nos últimos anos desta década, com alguns desenhos a lápis sobre folhas de jornal, unindo seu mundo interior à realidade histórica das notícias. Ao mesmo tempo, fazia desenhos mesclando o bico de pena à aquarela. Esta fase possui, segundo Mário Schenberg, a musicalidade de seu período abstrato geométrico, ao mesmo tempo em que mantém o mistério cósmico de suas obras abstratas expressionistas.

O artista participou das II, III, V, VII e VIII Bienais de São Paulo, e recebeu o 1º Prêmio Esso de Pintura, e o 2º Prêmio Leirner de Pintura.

Tatiana Rysevas Guerra
[bolsista]
Profa. Dra. Daisy V. M. Peccinini de Alvarado
[coordenadora do projeto

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