“Então
comecei a fazer
uma listinha de sentimentos
dos quais não sei o nome.
Se recebo um presente
dado com carinho
por uma pessoa de quem não gosto
- como se chama o que sinto?
A saudade que se tem
de pessoa de quem
a gente não gosta mais
- essa mágoa e esse rancor -
como se chama?
Estar ocupado
e de repente parar
por ter sido tomada
por uma súbita desocupação
desanuviadora e beata,
como se uma luz de milagre
tivesse entrado na sala:
como se chama o que se sentiu?
Mas devo avisar.
Às vezes começa-se
a brincar de pensar,
e eis que
inesperadamente
o brinquedo é que
começa a brincar conosco.
Não é bom.
É apenas frutífero.
Rio de janeiro: Nova Fronteira, 1984.
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